12 de março de 2014

Opinião - A Guerra de Gil


O coronel Vítor Gil esteve, sempre, do lado errado. Em Moçambique, durante a guerra colonial, matou um agente da Pide, em vez de acompanhar os seus camaradas no massacre da população civil de Wiriyamu. Depois, de regresso ao Regimento de Infantaria de Caldas da Rainha, viveu a revolta militar que, antecipando o 25 de Abril, não triunfou. Trinta anos depois, viúvo e solitário, Gil regressa à mesma cidade e escolhe um moinho isolado para se refugiar do mundo, na fronteira de uma serra inexplorada que confina com o oceano Atlântico. Mas um compromisso familiar vai envolvê-lo na actividade criminosa de uma família invulgar e violenta que tem uma agência funerária e que, beneficiando de um importante apoio local, se dedica ao tráfico de droga através de meios poucos ortodoxos e à comercialização de carne de vitela branca. E Gil é obrigado a entrar em guerra. Outra vez.

Opinião:

A Guerra de Gil foi o quarto livro publicado de Pedro Garcia Rosado. Este livro aborda a Guerra Colonial e o efeito destrutivo dela nos seus participantes. O livro foi me oferecido pelo próprio autor a quem quero agradecer mais uma vez pela oferta e pela dedicatória que me deixou.

Vítor Gil é um coronel reformado, que recentemente comprou um moinho nas Caldas da Rainha. Ele é um antigo combatente da Guerra Colonial em Moçambique, onde recusou participar no massacre de Wiriyamu.

Gil é um homem taciturno, que vive assombrado pelos fantasmas do seu passado, e solitário desde a morte de sua esposa Alda. Para respeitar um desejo de Alda, Gil vai ao encontro da sua cunhada e sobrinha, com quem não mantinha contacto, para lhes entregar uma jóia de família, mas ao chegar descobre que uma tragédia abalou a família.

O enredo deste livro está muito bom, com várias reviravoltas e traições, o final do mesmo é mais uma vez explosivo. Como habitualmente nos livros do Pedro Garcia Rosado a descrição das cenas de violência estão muito pormenorizadas, gráficas e muito bem escritas.

Com um enredo vibrante, uma personagem principal cativante e criminosos impiedosos este livro tornou-se num dos meus preferidos do autor. Um livro mais do que recomendado! E não se esqueçam de comer uma belas costeletas de vitela branca.

Avaliação: 9-10

7 de março de 2014

Opinião - Em Território Pirata


As Caraíbas, 1665. Uma remota colónia da Coroa inglesa, a ilha da Jamaica resiste contra a imensa supremacia do império espanhol. Port Royal, a sua capital, é uma cidade impiedosa de tavernas, antros de jogo e casas de má fama.

Não é fácil sobreviver num clima tórrido como este. Pode-se morrer de uma simples doença - ou quem sabe da facada de um punhal. Para o capitão Charles Hunter, o ouro dos espanhóis servia para ser capturado, e a lei da terra encontrava-se nas mãos daqueles que eram suficientemente impiedosos para a imporem.

No porto, espalham-se rumores de que o galeão El Trinidad, recém-chegado de Nova Espanha, está a ser reparado num porto próximo. Pesadamente fortificado, este porto inexpugnável é guardado por Cazalla, um homem sedento de sangue, e pelo comandante preferido do próprio rei de Espanha. Com o apoio de um aliado poderoso, Hunter reúne uma tripulação de homens endurecidos para se infiltrar no avançado posto inimigo e assaltar o El Trinidad, confiscando a sua fortuna em ouro espanhol. O assalto é tão perigoso quanto as mais sangrentas lendas da ilha, e Hunter irá perder mais do que um homem antes de conseguir pôr um pé em costas estrangeiras, onde uma selva densa e o poder de fogo da infantaria espanhola o separam do tesouro…

Opinião:


Este livro da autoria de Michael Crichton, que também escreveu o Jurrasic Park, leva o leitor as idílicas ilhas das Caraíbas no ano de 1665, mas nessa época elas eram território pirata.


Eu sempre fui fascinado por piratas e pelas suas aventuras nos sete mares, e ao descobrir este livro não resisti a tentação de o ler. E devo dizer que foi um livro que muito gostei, com uma escrita simples e fluída que me levou a uma leitura rápida


Charles Hunter, capitão de uma chalupa de nome Cassandra e que vive na infame Port Royal, ouve rumores sobre um galeão de tesouro espanhol está a ser reparado num porto chamado de Matanceros. O porto dado como inexpugnável é defendido por um poderoso forte que tem uma grande guarnição de soldados e tem como comandante Cazalla, que tem uma reputação de ser muito cruel.


Este livro está recheado de acção e tem um enredo simples mas bem construído e que reserva algumas surpresas. As cenas de batalha estão bem descritas, e não são demasiado violentas o que agradará aos estômagos mais sensíveis. 


Se gostam de livros de piratas recheados de aventuras, traições, batalhas navais e humor negro este é o livro ideal. 


Avaliação: 8-10 

2 de março de 2014

Opinião - O Clube de Macau


Macau, 1984: um juiz (o futuro procurador-geral da República), três polícias, um médico e um apresentador da televisão formam um bordel secreto a que chamam Clube de Macau, recorrendo a adolescentes chinesas dispostas a pagar o preço mais elevado para fugirem da China para o Ocidente. Quando uma delas é assassinada, o Clube de Macau dissolve-se.

Mas vinte anos mais tarde, em Lisboa, os antigos membros voltam a encontrar-se quando o procurador-geral pretende candidatar-se à Presidência da República. A ambição cruza-se então com o escândalo de pedofilia, e, desta vez, não é o prazer que espera os antigos membros do Clube de Macau, mas uma guerra sem tréguas.

Inspirado pelo Processo Casa Pia, O Clube de Macau é o terceiro romance de Pedro G. Rosado sobre os submundos da realidade portuguesa, depois de Crimes Solitários e de Ulianov e o Diabo, completando a trilogia O Estado do Crime.

Opinião:

O Clube de Macau é o volume final da trilogia "O Estado do Crime" escrita por Pedro Garcia Rosado, o mesmo
 é inspirado pelo Processo Casa Pia, que abalou Portugal em 2002.  

Em 1984 um grupo de portugueses residentes em Macau, que então ainda se encontrava na posse de Portugal, decide usar as suas influências para criar um bordel privado só para seu uso recorrendo ao uso de jovens chinesas que querem fugir de uma vida de pobreza. Esse bordel foi baptizado como Clube de Macau, e só é dissolvido após uma trágica morte.

Este livro aborda a corrupção nas mais altas esferas da política, com pessoas muitos poderosas a perverter a lei parece seu próprio benefício, e a usar informações sobre diversos crimes de pessoas importantes como forma de pressão. 

O enredo está bem construído, apesar de ter algumas partes algo previsíveis, o ritmo de escrita no final está simplesmente arrasador, as cenas de maior violência estão descritas de forma dura mas muito realista e todos estes ingredientes tornam este livro numa obra muito agradável de se ler.

Pedro Garcia Rosado é sem dúvida um mestre do thriller nacional. 


Avaliação: 8-10